A aviação civil brasileira vive um período crítico
Nos últimos anos, milhares de consumidores têm enfrentado cancelamentos, atrasos e uma série de transtornos causados pelas companhias aéreas do país. É uma realidade dura, mas que precisa ser exposta.
- 1 em cada 62 passageiros foi afetado por cancelamentos no ano passado ante 1 em cada 114, em 2021, e 1 em cada 71, em 2019.
- 82,1 milhões de passageiros foram transportados por companhias aéreas no Brasil em 2022 contra 59,3 milhões em 2021.
- Atrasos e cancelamentos impactaram 12,6 milhões de consumidores.
- 1 em cada 52 passageiros é elegível a pleitear compensação financeira às companhias aéreas por problemas em voos em 2022.
Fonte: AirHelp
Voos cancelados disparam e ultrapassam níveis pré-pandemia
Os números mostram uma situação alarmante.
Em 2021, foram cancelados 50 mil voos domésticos e internacionais no Brasil, afetando aproximadamente 10 milhões de passageiros.
Até agosto de 2022, os cancelamentos já somavam 37 mil ocorrências, prejudicando mais de 5 milhões de pessoas.
Para se ter uma ideia, em 2017 o país registrava apenas 12,2 mil cancelamentos. Ou seja, em cinco anos o problema cresceu mais de 300%.
Especialistas avaliam que as companhias aéreas não conseguiram recompor suas operações após as reduções durante a pandemia e a crise econômica de 2018.
Prejuízos financeiros aos passageiros já somam bilhões de reais
Além dos transtornos, os cancelamentos e atrasos geram prejuízos financeiros significativos aos consumidores.
Considerando os gastos médios com remarcação de voos, hospedagem, alimentação e outros custos causados pelas falhas das empresas, estima-se que os passageiros já acumularam mais de R$ 19 bilhões em danos nos últimos cinco anos.
O problema afeta a vida de milhões de pessoas e também a economia do país, na medida em que a má qualidade da aviação desestimula o turismo, os negócios e a competitividade do Brasil no exterior.
Atrasos também batem recordes e viram rotina
Além dos cancelamentos, os atrasos em voos também têm ocorrido em níveis recordes.
Embora não existam estatísticas consolidadas, as companhias reconhecem os problemas.
A Latam, por exemplo, admitiu que 86% dos seus cancelamentos no 1o semestre de 2022 foram em voos domésticos. Já os atrasos na companhia foram 74% domésticos e 26% internacionais no período.
Os passageiros relatam esperas de até 12 horas em aeroportos para conseguir embarcar em viagens nacionais.
Muitas conexões são perdidas e a experiência de viajar de avião no Brasil se transformou em um pesadelo.
Porém, pouco tem sido feito para de fato resolver os problemas ou amenizar os prejuízos dos passageiros. Os órgãos de defesa do consumidor estão repletos de queixas contra as aéreas, mas ainda sem respostas efetivas.
Em 2021, somente os Procons de São Paulo registraram 14,6 mil reclamações contra o setor aéreo.
E as estatísticas tendem a piorar em 2023. Enquanto isso, os passageiros amargam cancelamentos de férias, reuniões de trabalho perdidas e aborrecimentos sem fim.